Este
post está aqui nos rascunhos há muito tempo. Talvez até tempo demais. Não sabia
se o deveria publicar ou não porque não queria ferir susceptibilidades ou falar
mal da terra que me acolhe tão bem vai para 6 anos.
Depois
de ponderar resolvi publicá-lo porque amo esta terra mas também ainda fico
chocada com alguns comportamentos.
Às
vezes ao passarmos de carro ou a pé vemos pessoas estendidas na rua. Caídas à
sua sorte. Não sabemos em que estado estão. Se pararam a descansar de forma
estranha, se estão a curar uma bebedeira ou se pior ainda estão mortas. Estão
ali deitadas na beira da estrada, ou no meio do passeio sem que ninguém as
olhe, sem que ninguém pare para perguntar se está bem ou precisa de ajuda. Às
vezes voltamos a passar mais tarde e já lá não estão. Ficamos para sempre a
pensar se terá acordado e seguido caminho, ou se o carro passou para as apanhar
(para as levar para a morgue ou para a família). Outras vezes passamos e a
pessoa continua na mesma posição estática como se ali naquele momento o tempo
tivesse parado. E nós continuamos a não parar, a desviar o olhar e a seguir a
nossa vida.
O peso
que levo na consciência é grande, mas há 6 anos que sou educada para não parar,
para não perguntar a não ser que conheça a pessoa e a área. Porque não se sabe
se aquele corpo inerte é verdadeiro ou emboscada. Por isso continuo a seguir a
minha (nossa) vida indiferente aos corpos que vou (vamos) encontrando pelo
caminho. Às vezes o coração aguenta e tolda-me a visão. Outras vezes vemos com
os olhos e o coração. E essas vezes marcam a nossa vida para sempre.
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