Uma
das pessoas mais importantes da minha vida foi a minha avó paterna, diria mesmo
que ela foi A avó. Infelizmente não conheci a outra, mas sei pela minha mãe que
o desejo que ela tinha em me conhecer era enorme. Infelizmente a vida
pregou-lhe uma valente rasteira e levou-a 2 meses mais cedo.
Mas
falemos da avó B, que é disso que este post fala. Foi A avó e sempre o será. É
a minha alma gémea e sei que está comigo desde o dia em que nasci, até ao dia
do meu ultimo suspiro quando nos voltaremos a reencontrar. Vai para 6 anos que
alguém ma levou, ou que ela se deixou levar, cansada pela vida e com um
percurso cheio de alegria, tristezas e muito muito trabalho e sacrifício. Em
todos estes dias que passaram não sinto que me tenha abandonado, pois de cada
vez que me vejo em baixo e a tristeza me persegue surge sempre algo para me
tirar lá do fundo, há sempre uma lanterna suspensa no ar que me trás de volta à
realidade.
Desde
que a M nasceu há 2 anos e meio essa presença está cade vez mais forte. Está
presente no tique das mão, na paixão desenfreada por pão, na colocação da mão
na cintura e a maneira como diz "ai a minha vida", está no olhar de
zanga fingida, nos seus pés calorentos quer faça frio ou sol, chuva ou neve.
Estão sempre quentes e nus a pisar o chão frio como o gelo. Gosto de acreditar
que uma parte da minha avó B renasceu no dia que a M saiu de dentro de mim.
O
tempo não aligeirou a saudade. Ainda no Natal não consegui conter as lagrimas
ao ver os vídeos antigos, ao ouvir de novo a sua voz que tantas vezes me deu
conselhos, ralhetes mas também muito incentivo e que principalmente me ajudou a
construir os meus sonhos.
Foi a
única pessoa que eu fui incapaz de abandonar porque eu era A neta. E uma neta
não pode deixar uma avó na mão.
Eu fui
A neta. Aquela a quem ela ensinou a ler, aquela a quem sorrateiramente mentiu
ao filho e nora para me ir arrancar de um infantário que eu odiava, aquela que
me dava leite achocolatado todas as tardes, aquela que tantas vezes cozinhou
arroz de ervilhas, ovos e salsichas por mimo, aquela a quem limpou as lagrimas,
aquela que em plena adolescência abria mão das tardes na praia com os amigos
para passa-las com ela na mercearia a ajuda-la com as "freguesas". Eu
fui A neta e tenho muito orgulho nisso.
Disse-lhe
vezes sem conta o quão importante era na minha vida. Ela sempre o soube. Eu sei
o quão importante fui para ela. Isso basta-nos a ambas. Esta relação perdura e
nada nem ninguém poderá limpar e aliviar as lagrimas que verto de cada vez que
falo ou escrevo sobre ela. Eu e ela, ela e eu. Eramos uma até ela partir. Agora
sou só metade de mim.
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