Como
em todas as decisões na vida temos sempre de pesar os prós e os contras das
nossas atitudes, das nossas decisões e assumir a decisão que poderá mudar a
nossa vida para sempre. Eu assumi a minha aos 25 anos. Quando ainda me sentia
muito menina dos meus pais e quando ainda precisava de mimo. A decisão já
martelava à muito na minha cabeça. Talvez desde sempre até pois sempre me
imaginei em aviões e a ter o aeroporto como uma segunda ou terceira casa.
Apenas pensei que o meu porto seguro seria para sempre em Portugal e a vida
nisso trocou-me as voltas. Não sai antes porquê?
Não
foi por falta de oportunidade. Foi porque a minha pessoa, a minha avó/mãe na
altura era vida e eu não me sentia capaz de cortar o laço que nos unia. Não
conseguia e não queria. Por ela abandonei um Erasmus a 1 semana da partida. Por
ela passei as aulas para regime nocturno, abandonei temporariamente um emprego
em part-time para a acompanhar no último ano de vida dela. Na altura a balança
pesou para ficar e eu fiquei.
Em
Junho e com 25 anos, exactamente 1 anos após a sua morte tive a primeira
entrevista para iniciar a minha viagem. Por sorte ou por "obra dela"
fiquei logo colocada e em Outubro soltei as amarras do meu cais e deixei-me
vir. Deixei pais, namorado, irmãos, família. Deixei os abraços diários e os
beijos repenicados da família a troco de experiência profissional, mais salário
mas acima de tudo mais oportunidade de evolução e reconhecimento do meu trabalho.
Deixei um emprego estável (ia passar aos quadros) por uma maluqueira como me
disseram na altura. Fiz o meu destino e peguei a MINHA vida e coloquei-a nas
mãos que quem melhor sabe olhar por ela. EU!
Não
esperei ajuda do estado, nem de ninguém. Não esperei por pena ou simpatia.
Apenas pedi que aceitassem as minhas escolhas. E que me apoiassem caso fossem
meus amigos e família de verdade. O pior dia da minha vida foi o dia em que
embarquei naquele avião. Tremia e chorava. Sem saber o que me esperava à chegada.
Mas tentei (se bem que sem sucesso) engolir as lágrimas e vim viver a minha
vida. Na altura tinha a esperança que ao voltar teria à minha espera as pessoas
que realmente iria valer a pena abraçar. Quem não estivesse lá tinha por fim
mostrado que deveria ser riscado da minha vida. O meu maior medo era perder o
G, mas sabia que esta distancia também iria servir para reforçar o que existia
entre os dois, ou para quebrar de vez a relação caso a este fio fosse fraco.
Ao fim
de 2 meses ele estava cá à minha espera. Aliás estava já de passaporte na mão e
malas feitas pronto a embarcar nesta minha, agora tão nossa aventura. Saímos na
altura em que já se falava em crise. Não estará Portugal em crise desde sempre?
Assistimos
a negócios do arco-da-velha, a contractos ruinosos feitos pelo “nosso” governo,
assistimos à queda de um governo e ao nascimento de outro. Assistimos a
manifestações. E o que fazemos? Rimos. Porque para nós Portugal tem o Governo
que merece. Portugal tem o Governo que os Portugueses escolheram. Toda a gente
se queixa da chico-espertice dos governantes e políticos. Mas será que fazem o
certo?
Acredito
que exista pessoas boas em Portugal. Pessoas que se interessam e que pagam os
impostos e tudo o que devem pagar a bem da evolução do País. E os outros? Os
que vivem à mama dos subsídios, os que têm esquemas onde descontam salário
mínimo mas vivem em cascais, ou na quinta-do-conde e têm uma colecção de
mercedes à porta? E aqueles que dizem não que trabalhar e andam a fazer
perninha nas obras, nos biscates ou nas limpezas? Pois ninguém fala deles. Mas
não serão estes a maioria? Aqueles que atiram pedras ao Governo mas que depois
também têm telhados de vidro.
O que
o Governo faz apenas é um aumento para grande escala do que os Portugueses
fazem. Olhar apenas para os seus umbigos e tentar tirar o máximo de vantagem em
proveito próprio de toda e qualquer situação. Quando o povo resolver ir ao
centro de emprego ou segurança social e informar: “Tirem-me das listas de desemprego,
tirem-me o RSI, afinal eu trabalho, eu produzo, eu quero participar activamente
na economia e desenvolvimento deste país”, nesse dia poderemos exigir mundos e
fundos do nosso governo e poderemos enfim começar a atirar pedras. Aí sim os
senhores governantes abrirão os olhos e verão que já não estão a gerir um povo,
inculto, ignorante e que só olha para o umbigo.
Neste ultimo
ano tenho sido atacada, contestada por amigos, família e conhecidos. Todos me
acusam à boca cheia que só falo assim porque estou bem na vida. Tenho contrato,
tenho boa vida ponho comida na mesa para sustentar a minha casa. Sim tenho isso
tudo.
Mas o
que eles se esquecem é que não tenho um beijo da minha mãe todos os dias. A
Matilde está a crescer sem avós. Vejo o meu avô ter um AVC, perder uma perna
por causa dos diabetes. Perder a outra perna e entrar em depressão. Viver com o
coração nas mãos sem saber se irá sobreviver até ao dia da próxima viagem.
Deixe a minha irfilha com 15 anos, numa altura que ela mais precisava de mim. Sim
também eu pago um preço. Não um preço monetário mas um preço sentimental. Qual
valerá mais. Será menos válido só porque não esse preço não é contabilizado com
vil metal?
Oportunidades,
todos têm. Resta a cada um de nós pesá-las na balança e ver qual a atitude que
deve tomar. Pegas na vida nas próprias mãos e deixar-se de queixar do que a
vida não lhes dá. E não me venham foder a cabeça com o “tu não percebes”.
Percebo até bem demais.
Percebi-o
há 6 anos e sei que na MINHA altura tive coragem e arrisquei. E a vida apenas
me deu o que dela eu exigi.
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